OE2024: Aprovação de medidas adicionais pode gerar dívida ou subir impostos, diz associação

A associação Business Roundtable Portugal (BRP) avisou hoje que a aprovação pelo Governo de propostas não contempladas no Orçamento do Estado para 2024 (OE 2024) pode gerar dívida ou fazer subir os impostos.

Executive Digest com Lusa
Dezembro 7, 2023
19:01

A associação Business Roundtable Portugal (BRP) avisou hoje que a aprovação pelo Governo de propostas não contempladas no Orçamento do Estado para 2024 (OE 2024) pode gerar dívida ou fazer subir os impostos.

“Em paralelo com a aprovação do orçamento no parlamento, o Governo que ainda está em funções está a tomar um conjunto de decisões adicionais que parecem gerar maior despesa estrutural, sem que seja clarificado se estas medidas estão previstas dentro do orçamento aprovado ou se correspondem a despesa estrutural”, referiu o secretário-geral da BRP, Pedro Ginjeira do Nascimento, em declarações à Lusa.

A associação notou que, a comprovar-se que as medidas não estão no documento, o orçamento vai gerar mais dívida ou “vão ser aumentados os impostos” para compensar a subida da despesa.

Em alternativa, o aumento da dívida poderá ter que ser compensado com poupanças, o que implica que alguns pontos previstos no orçamento não sejam executados.

Pedro Ginjeira do Nascimento precisou que, nas últimas semanas, o Conselho de Ministros aprovou medidas como o mecanismo de compensação por projetos elétricos estratégicos e um programa nacional de investimentos.

“Falam-se em obras no aeroporto, na valorização da carreira de médicos, auxiliares de saúde e outras carreiras técnicas, bem como na compensação dos senhorios. Independentemente do mérito destas medidas, ou elas estão dentro do Orçamento do Estado aprovado ou não”, referiu.

Para a BRP algumas não aparentam fazer parte do OE2024, mas ser resultado de negociações à parte que o Governo tem conduzido.

Sendo estas medidas estruturais, o próximo Governo não pode fazer um Orçamento Retificativo, notou.

A execução do orçamento por um Governo que não o apresentou é também uma matéria que tem vindo a preocupar os empresários desta associação.

Contudo, reconhecem que o documento, aprovado na Assembleia da República, contempla alguns pontos positivos, como a redução do peso da dívida e o equilíbrio orçamental, a revisão das percentagens e montantes máximos de isenção do IRS (Imposto sobre o Rendimento de pessoas Singulares) Jovem, o desagravamento das taxas marginais de IRS até ao quinto escalão e a migração opcional de processos dos tribunais administrativos e fiscais para a arbitragem institucionalizada.

No sentido oposto, a BRP contesta o aumento da carga fiscal em 2024 e da progressividade do IRC (Imposto sobre o Rendimento das pessoas Coletivas), a falta de medidas que incentivem projetos e investimentos “que promovam o desenvolvimento económico e social”, a manutenção de um modelo de criação de receita via impostos e a ausência de uma “discussão séria e abrangente” sobre o ‘tax wedge’ (percentagem dos custos laborais suportadas pelas empresas que não são recebidos pelos trabalhadores no salário líquido) na capacidade de Portugal atrair e reter talento.

A BRP é uma organização, independente e apolítica, que conta com 41 líderes de empresas e grupos empresariais.

Em conjunto, estas empresas e grupos têm receitas de 124.000 milhões de euros e empregam 424.000 pessoas, 218.000 das quais em Portugal.

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